A participação feminina no polêmico movimento artístico

Há cem anos, no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro, ocorreu a Semana da Arte Moderna. Naquele momento, os artistas envolvidos protestavam a favor de uma nova interpretação artística, que tinha como inspiração as vanguardas européias. Ocorreram apresentações de música, dança, exposições de pinturas e esculturas, além de palestras em busca de uma nova interpretação da arte brasileira, sem inserir elementos de outras culturas e sim, criar e mostrar para o público interessado, a cultura brasileira.

Até hoje os principais artistas são lembrados, dentre eles Anita Malfatti, Mário de Andrade,  Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos, por exemplo.

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Todavia, o impacto foi muito negativo, uma vez que as pessoas não compreenderam a nova proposta e até mesmo chamaram os participantes de doentes mentais e loucos. Isso demonstrava uma falta de receptividade da população para os novos modelos artísticos. Alguns escritores, como Monteiro Lobato, atacaram veemente e publicamente a manifestação.

            Lobato especificamente publicou um artigo atacando as obras de Anita Malfatti de 1917, sugerindo que sua interpretação acerca da natureza era anormal e efêmera. Como o contexto da época, as mulheres foram ignoradas. Apenas quatro artistas foram registradas como participantes do evento: Anita Malfatti, Gomide Graz, Zina Aita e Guiomar Novaes, quando na verdade havia muito mais, as quais não se encontram em divulgações. Por exemplo, embora obras de Tarsila do Amaral estivessem expostas no evento, a artista não estava no Brasil na ocasião.

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Na época, as mulheres da burguesia eram incentivadas a escrever poesia e pintar quadros, especialmente aquarelas, mas eram desencorajadas a se profissionalizar, já que seus conhecimentos deveriam permanecer na privacidade dos seus lares. Por conta disso, poucas eram reconhecidas como verdadeiras artistas.

            Apesar de serem grandes influências na luta contra o apagamento feminino na história da arte brasileira, é inegável que Anita Malfatti e Tarsila do Amaral não se distinguem de outras mulheres artistas e intelectuais de seu tempo, ambas sendo de classe média alta ou da elite brasileira. Por conta disso, tiveram muitas outras oportunidades e acessos que a grande maioria das mulheres no Brasil, tendo muito mais tempo e recursos para dedicar ao conhecimento e artes, além de refletir sua realidade, seus valores burgueses e ideários.

AUTORIA: Luiza Diehl, Manoela Santin, Marina D. Bordin, Rafaela B. Dal’Asta